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Pensamentos sobre linebreeding

Todo Bull Terrier é o resultado do equilíbrio de faltas e virtudes, portanto ao analisar minhas fêmeas eu sempre procuro entender o “produto do meio” ou simplesmente o que se manifesta. Certa vez li uma frase que é bastante sugestiva: “o pedigree de um cão mostra o que ele deveria ser, a aparência o que ele parece ser, mas são seus filhos que nos mostram o que ele realmente é.” E de fato essa é a análise correta a se fazer, avaliar suas fêmeas buscando reconhecer a interação entre genótipo e fenótipo. Os nossos olhos sempre devem buscar identificar as características comuns as famílias, o que eu chamaria de enxergar seu pedigree. A maioria dos grandes padreadores da história são facilmente identificados em suas progênies, é comum olharmos os filhos e netos e logo associarmos ao patriarca ou matriarca daquela arvore. 


Tendo analisado a fêmea e evidentemente reconhecido nela traços favoráveis a criação, é fundamental entender o que é preciso para melhorá-la. E é partindo desse ponto que eu procuro entender as virtudes e de que forma eu posso reproduzi-las e fixá-las. Nesse momento eu passo a avaliar o que já foi fixado em sua linha e isso só é possível voltando a analisar a sua família, ou seja, analisar o trabalho que antecede o acasalamento que pretendo fazer – em perspectiva, mesmo minha fêmea tendo massa, osso e angulações proporcionais eu jamais a acasalaria com um cão de mesmas virtudes, se os mesmos não derivassem de famílias onde tais virtudes não são comuns. 

 

Esse é o tipo de risco que não corro, pois virtudes não aparecem simplesmente e se ambos os cães possuem massa e osso e são descendentes de famílias onde tais características não são presentes, obviamente temos apenas um “resgate”, pois nesse caso o processo genético se deu de maneira irregular - um gene recessivo apresentou-se em par e por sua vez conseguiu mostrar-se fisicamente. O que não me dá nenhuma segurança que tal fenômeno possa acontecer novamente. Em meus acasalamentos eu sempre uso a mesma receita: virtudes iguais e faltas diferentes e sempre buscando cães de famílias prepotentes em suas progênies. 


A decisão de fazer ou não novos linebreedings é complicada, contudo acredito que nesse aspecto a ideia que deve se sobrepor a qualquer outra é a da fidelidade ao tipo, pois criar sem um tipo ideal é loucura. Eu sempre opto por lines buscando fixar as características positivas dos meus cães e das suas famílias, mas isso também às vezes me garante a fixação de faltas, sendo que ao longo do tempo eu acabo tendo faltas e virtudes comuns à minha linha. E é exatamente nesse momento que eu busco o tipo complementar, que em minha visão nada mais é que um cão novo, em que eu consiga projetar minhas aspirações e reconhecer nele as virtudes que me faltam e evidentemente não sendo o mesmo possuidor das faltas que me assombram. Para resumir, minha criação se da basicamente em linebreeding, outcross aqui só em casos extremos. 

 

Falando de técnicas de cruzamentos, para ser mais preciso do linebreending, para mim esse ainda é um tema de freqüentes debates, pois é comum vermos pedigrees onde determinados cães se repetem com freqüência, tendo o mesmo cão como pai, avô e bisavô chegando um cão a aparecer por 3 ou 4 vezes, sendo em uma mesma geração ou em múltiplas, o que a meu ver só significa que o criador voltou em cão com o objetivo de fixar as principais características daquele cão, um cruzamento em pirâmide. Por outro lado, vejo linebreednding onde o criador não só volta em determinados cães como o faz permeando determinadas famílias, ou seja, o fechamento é simultâneo tendo um cão como foco e sua família como base direta, esse cruzamento foi descrito por um amigo e criador como cruzamento em muro. Em todo caso todo line deve respeitar o 2º princípio básico da criação onde Raymond Oppenheimer diz: “Não utilize o linebreding somente pelo fim de fazer o linebreding. O linebreding com tipos complementares pode trazer grandes recompensas; com os inapropriados significa atirar-se de cabeça para um desastre imediato.”

 

Antonio Jesus de Carvalho Junior

Auca Siguen

Bull Terrier uber alles

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